[Revista V!RUS] Chamada de artigos para a 26ª edição “O debate decolonial”
16/05/2023
A Revista V!RUS, do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, divulga chamada de artigos para a sua 26ª edição.
Com o tema “O DEBATE DECOLONIAL”, a chamada visa reunir artigos científicos e ensaios críticos que questionem a hegemonia da noção norte-atlântica de modernidade em suas variadas formulações, e que situem o debate decolonial a partir dos diversos campos disciplinares, nas escalas local, regional, nacional e mundial. Serão aceitos para avaliação artigos científicos e ensaios críticos inéditos que explicitem, em sua temática, no resumo e no corpo do texto, justificativas claras sobre a relação entre a pesquisa apresentada e o debate decolonial.
Artigos científicos e ensaios críticos serão recebidos até 6 de agosto de 2023 pelo website da revista, e a edição será publicada em dezembro de 2023.
Criada em 2006, a revista V!RUS é um periódico científico semestral inteiramente bilíngue desde sua criação, com revisão duplo-cega, publicado pelo Nomads.usp – Núcleo de Estudos de Habitares Interativos, do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Brasil, com classificação QUALIS A3. Todo o conteúdo da revista está disponível em Português e Inglês ou Espanhol e Inglês, no website www.nomads.usp.br/virus.
As diretrizes para autores estão disponíveis em https://bit.ly/42p8Mvj.
Confira a chamada completa:
A compreensão de que Modernidade e Colonialidade constituem um par teórico indissolúvel é a base do chamado pensamento decolonial, que examina e denuncia as estruturas de dominação dos países centrais sobre os povos do Sul Global, as quais permaneceram vigentes nas ex-colônias mesmo após o final do período de colonização, até os dias de hoje. A âncora do projeto Moderno/Colonial ocidental, patriarcal, colonial e capitalista é o conceito de raça, que outorga ao homem branco, cristão, heterossexual, racional e regido pela ciência o direito de dominar todos os não-brancos, os quais seriam parte da natureza, sem conhecimento científico e sem legitimidade histórica, podendo, portanto, ser subalternizados e ter sua história e seus saberes silenciados.
A vigésima sexta edição da revista V!RUS visa reunir artigos científicos e ensaios críticos que questionem a hegemonia da noção norte-atlântica de modernidade em suas variadas formulações, e que situem o debate decolonial a partir dos diversos campos disciplinares, nas escalas local, regional, nacional e mundial. Interessam-nos trabalhos que se posicionem de maneira crítica sobre a difusão e imposição planetária da concepção euro-estadunidense de conhecimento e suas muitas derivações e aplicações, as quais contaminam a própria ideia de conhecimento, suas formas de produção, disseminação, circulação e legitimação, desqualificando outros saberes e vozes críticas e reiterando os projetos imperiais/coloniais/patriarcais que regem o sistema-mundo moderno/colonial, caracterizado por Aníbal Quijano e Immanuel Wallerstein.
Serão aceitos para avaliação artigos científicos e ensaios críticos inéditos que explicitem, em sua temática, no resumo e no corpo do texto, justificativas claras e inequívocas sobre a relação entre a pesquisa apresentada e o debate decolonial.
Esperamos, assim, ampliar o alcance de reflexões críticas e fundamentadas que contribuam para o debate decolonial no Sul Global, produzidas nas várias áreas do conhecimento, em especial arquitetura, urbanismo, artes, cinema, comunicação, design, direito, filosofia, ciências sociais, ambientais e políticas, antropologia, estudos culturais, história, geografia, entre outras, tratando particularmente – mas não apenas – dos seguintes tópicos e suas interseccionalidades:
+ Conceitos e referências: a problematização das noções de modernidade, colonialidade, decolonialidade, hegemonia, contra-hegemonia, subalternização, subjetividades, entre outras;
+ Tensionamentos internacionais: a (nova) ordem mundial, as noções de multilateralismo, globalização, internacionalização, imperialismo e mundialização, BRICS e poderes emergentes, migrações transnacionais;
+ Diálogos Sul-Sul, transmodernidade e diálogos interculturais: princípios, fundamentações, estratégias e modos de fazer;
+ Decolonização, diversidade cultural e interseccionalidades: identidade de gênero e étnica, multiculturalidade, povos originários, negritude e cultura afrodiaspórica, políticas culturais, culturas transnacionais, feminismos subalternos;
+ Decolonialidade e expressões artísticas: artes visuais, fotografia, música, audiovisualidades, arte indígena, expressões afrodiaspóricas, arte digital;
+ O audiovisual e a construção decolonial de saberes: filme documentário, projetos colaborativos, cinema, leituras urbanas;
+ Descolonizando a história: revisões, personagens, eventos e apagamentos, novas genealogias epistemológicas, resgate de conhecimento historicamente invisibilizado, crítica da história oficial;
+ Colonialidade das relações de trabalho: precarização, trabalhadores plataformizados, trabalho e interseccionalidades de raça, gênero e classe social;
+ Descolonizando a universidade: ensino, pesquisa e extensão, missão e modelos institucionais, grades curriculares, compartimentação disciplinar e transdisciplinaridade, redes de pesquisa e interlocução acadêmica, rankings qualitativos internacionais, rankings de avaliação de periódicos, produtivismo;
+ Pesquisa decolonial e referências do Sul: revisão de conceitos e categorias analíticas, repensando objetivos, delimitações de campo, métodos e procedimentos, descolonizando o papel do pesquisador;
+ Decolonialidade e metateorias: pensamento sistêmico, complexidade, cibernética, ecologia da comunicação, transdisciplinaridade;
+ Cidades do Sul: África, Ásia, América Latina e novos paradigmas de desenvolvimento urbano, modelos de gestão e produção da cidade, tensões cidade-campo, periurbanidades, desigualdades intraurbanas, metrópoles, cidades intermediárias;
+ Descolonizando a questão ambiental: relações Norte-Sul e Sul-Sul, desenvolvimento sustentável, metropolização, preservação ambiental, modelos agroindustriais, mudanças climáticas;
+ Economias insurgentes: economia social e solidária decolonial, globalização e decolonialidade, novas economias da sustentabilidade, greenwashing, economia substantiva e outros modelos de desenvolvimento, buen vivir e outras economias no Sul Global, o decrescimento;
+ Arquitetura moderna e decolonialidade: o caráter universal do modelo, o dualismo natureza e cultura, o modelo moderno norte-atlântico como instrumento de dominação, a desqualificação de concepções locais e tradicionais;
+ Decolonizando modos de construir: saberes construtivos locais, arquiteturas de baixa emissão de carbono, sistemas, materiais e arranjos produtivos alternativos, tecnologias e espacialidades inovadoras, o canteiro, o desenho e hierarquias de classe, raça e gênero;
+ Novos paradigmas formais e a perspectiva decolonial: arquiteturas de geometrias complexas, modelagem paramétrica, fabricação digital, processos digitais de projeto e produção, a questão dos programas computacionais;
+ Modos não eurocêntricos de habitar: modalidades habitacionais, habitação e modos de vida contemporâneos, revisão de processos de projeto e produção, espaços de morar espontâneos e tradicionais;
+ Design decolonial: ensino, pesquisa, produção, inovação, consumo, design e populações vulneráveis, revisão de modelos, novas demandas, ancestralidades;
+ A cidade em disputa: insurgências decoloniais, movimentos sociais, ciberativismo, ciberespaço e cena pública, pensamento urbanístico contra-hegemônico e direito à cidade, urbanismo social;
+ Processos participativos de projeto, construção e gestão da cidade: ações comunitárias, plataformas digitais online como locus de participação, ações cidadãs bottom-up, redes de solidariedade, modelos de representatividade;
+ Decolonização e Inteligência Artificial: IA e um novo colonialismo, dominação algorítmica, extrativismo colonialista de dados, IA e impactos no quotidiano, IA e racismo, feminismo de dados;
+ Decolonização e cultura digital: tecnopolíticas, cidadania digital, políticas de software livre e código aberto, redes sociais, programas computacionais como instrumentos de controle;
+ Valoração da memória e do patrimônio de minorias sociais, patrimônios invisibilizados, processos decisórios inclusivos sobre a preservação de arquiteturas, lugares urbanos e monumentos, projeto arquitetônico e técnicas construtivas retrospectivas.
Além de textos e imagens estáticas, são bem-vindos ensaios fotográficos, vídeos, filmes curtos, animações e gifs, peças sonoras, musicais e depoimentos em arquivos de áudio, projetos de instalações artísticas e de arquitetura, urbanismo e design acompanhados de reflexão crítica e fundamentada teoricamente sobre sua concepção, apresentações de slides e outras linguagens digitais, considerando o interesse do Nomads.usp em explorar usos de meios digitais para divulgação científica via Internet.
DATAS IMPORTANTES
- 6 de maio de 2023: Início do recebimento de submissões
- 6 de agosto de 2023: Data final para recebimento de submissões
- A partir de 9 de outubro: Informação aos autores sobre aceite e solicitação de adequações
- 6 de novembro: Data limite para recebimento das adequações dos autores
- 27 de novembro: Data limite para recebimento da versão traduzida do artigo
- Dezembro de 2023: Lançamento da V!RUS 26