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Revista GEOgraphia – Dossiê “Planejamento urbano e regional para projetos econômicos alternativos”

13/08/2024

Está aberta até o dia 03 de novembro de 2024, a chamada de artigos para o dossiê “Planejamento urbano e regional para projetos econômicos alternativos”, da Revista GEOgraphia, publicação do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF).

O dossiê é organizado por Ariel Garcia (CONICET-CEUR/UBA), Leda Buonfiglio (GGE-UFF) e Fernanda Sánchez (PPGAU-UFF), ex-diretora da ANPUR e ex-coeditora da RBEUR.

A submissão pode ser feita no próprio site da revista, conforme normas editoriais: CLIQUE AQUI.

A seguir, confira o texto de apresentação do dossiê:

A discussão em torno de conceitos reificados como “planejamento” e “Estado” significa começar por questionar as construções narrativas com as quais concebemos os nossos objetos de estudo. Essa discussão pode partir do lugar que a pesquisa acadêmica ocupa nos países latino-americanos, onde o vínculo com o território por meio da extensão universitária e tecnológica permite a elaboração de uma forma alternativa de conceber a agenda de temas e a formação de pesquisadores comprometidos com seu entorno, além de sua própria reprodução no sistema científico-tecnológico. A partir desta discussão, trata-se de focar no lugar das pessoas, motivações e grupos de interesse que operam por meio de dispositivos estatais para influenciar a produção da ordem social sob diversas estratégias de planejamento, seja por meio de dinâmicas ofensivas, concessivas ou de resistência aos ciclos de neoliberalização, seja a partir da concepção de projetos econômicos alternativos em associação com organizações territoriais, que possam inscrever-se nos tecidos da economia popular e da economia social. Por outro lado, nesta perspectiva, propõe-se apreender e reconhecer a multiplicidade de expressões do Estado: representações, unidades burocráticas, programas, projetos, leis, agentes, manifestações materiais (infraestruturas, documentação, etc.), estatísticas (incluindo o campo de disputa em torno de sua metodologia), rótulos classificatórios (mediante os quais as discriminações por classe, raça, idade, gênero etc. costumam ser naturalizadas) e, fundamentalmente, como isso funciona nos diferentes níveis de governo (nacional e subnacional).

Nesta perspectiva, convidamos à apresentação de artigos que contribuam para desnaturalizar as formas de articulação dos sujeitos sociais com os dispositivos estatais, que assumam uma abordagem relacional a qual permita desobjetificar categorias estanques (Estado, sociedade, mercado) incluindo as interfaces que operam entre interesses de grupos (sejam sujeitos hegemônicos ou subalternos) e a burocracia estatal, as formas de acesso a ela e os preconceitos que sua formação acarreta em cada etapa histórica e territorial. Espera-se que estas investigações contribuam para a construção de esquemas interpretativos autóctones/nativos, que reconheçam criticamente os legados do planejamento urbano e regional e que, ao mesmo tempo, permitam o exercício de vigilância epistemológica para evitar cair em interpretações coloniais (e neo coloniais) com as quais se costuma assumir uma suposta objetividade em torno de processos políticos que dão sentido à criação de um Estado e aos projetos econômicos alternativos nos territórios latino-americanos.

Com base no exposto, a expectativa da presente chamada para o Dossiê é pela submissão de trabalhos que proporcionem interpretações plurais, estudos críticos que, a partir de perspetivas e experiências diversas, nos permitam refletir sobre:

  • O processo de concepção de instrumentos de planejamento baseados na ligação entre organizações e estruturas estatais de ordem nacional ou subnacional.
  • As formas e desenvolvimentos relacionados com o acesso e a institucionalização/trajetória dos líderes dos movimentos sociais nas estruturas estatais.
  • A co-produção de projetos de desenvolvimento entre movimentos sociais e estruturas estatais com base no planejamento territorial alternativo.
  • A construção de projetos econômicos alternativos baseados na ligação entre organizações e estruturas estatais, especialmente considerando os processos e tensões em torno da institucionalização da economia social e da economia popular.
  • Disputas referentes aos objetos de intervenção estatal, com foco na dinâmica de nomeação e desenho de tais objetos (e.g. agricultura familiar, economia social, desenvolvimento local e regional).