Moção de apoio ao povo palestino e de repúdio ao genocídio promovido pelo Estado de Israel
29/05/2025
A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (ANPUR), por deliberação de seus filiados reunidos no XXI Encontro Nacional (XXI ENANPUR), realizado em Curitiba de 19 a 23 de maio de 2025, manifesta seu irrestrito apoio ao povo palestino e repudia veementemente o genocídio em curso promovido pelo Estado de Israel.
Durante o encontro, a Sessão Especial intitulada “Conflitos urbanos e resistência: a questão Palestina, Gaza e diálogos com o Sul Global”, realizada em 20 de maio de 2025, às 11h00, evidenciou, com profundidade e sensibilidade, como a Palestina, em especial a Faixa de Gaza, representa um caso extremo de violência colonial, urbicídio, necropolítica e apagamento sistemático de territórios, infraestruturas e vidas. A mesa, realizada no auditório da Administração da Universidade Federal do Paraná, teve expressiva presença do público e contou com análises, depoimentos e testemunhos que mobilizaram intensamente os presentes. Ao final da sessão, foi proposta, com apoio da audiência, a elaboração desta moção, submetida à diretoria da ANPUR, e aprovada por unanimidade em assembleia ordinária, realizada no dia 23 de maio de 2025, em Curitiba.
A brutalidade dos ataques promovidos pelo Estado de Israel contra o povo palestino não pode ser dissociada de um projeto sistemático de ocupação e substituição demográfica, baseado na negação da cidade, na destruição deliberada de espaços de vida e na reconfiguração violenta do território. Trata-se de uma manifestação explícita da lógica colonial moderna, em que as táticas militares se confundem com políticas urbanas de apagamento. A Palestina se tornou, assim, o exemplo mais escancarado, em pleno século XXI e à vista de todo o mundo, da articulação entre apartheid, colonialismo de ocupação, limpeza étnica e urbicídio.
Este cenário trágico interpela diretamente os estudos urbanos, em especial os que se desenvolvem a partir das epistemologias do Sul Global. A experiência palestina, marcada pela resistência cotidiana, pela resiliência das comunidades e por práticas de sobrevivência sob extrema opressão, oferece elementos indispensáveis para refletirmos sobre o papel do urbanismo como campo de luta, denúncia e emancipação. Reconhecer isso é também reconhecer que o planejamento urbano e regional não é neutro e que sua história está profundamente entrelaçada com práticas coloniais de dominação e exclusão.
Por isso, consideramos urgente que a questão palestina permaneça presente nas próximas edições dos encontros da ANPUR, não apenas como denúncia, mas como componente fundamental de um debate crítico e global sobre cidade, território e justiça.
A presença dessa temática com maior visibilidade neste momento reflete a ampliação dos horizontes críticos nos estudos urbanos e o compromisso da ANPUR com agendas internacionais de justiça e emancipação. É fundamental que esse espaço de diálogo se fortaleça e se consolide nas próximas edições, contribuindo para uma compreensão mais ampla das múltiplas formas de violência territorial e das lutas por dignidade em escala global.
A ANPUR, enquanto entidade comprometida com a construção de uma ciência socialmente engajada, sempre se colocou ao lado de povos oprimidos em sua luta por justiça, dignidade e autodeterminação. A Palestina, hoje, não é apenas um território sob ataque, mas é um espelho das violências estruturais e coloniais que moldaram (e seguem moldando) grande parte das geografias do Sul Global.
Diante disso, os filiados da ANPUR:
- Expressam seu apoio solidário ao povo palestino e às suas formas de resistência frente à opressão colonial, militar e urbana;
- Condenam o genocídio em curso promovido pelo Estado de Israel e a cumplicidade das potências ocidentais que o sustentam;
- Reafirmam o compromisso da entidade com a promoção de debates sobre colonialismo, urbicídio e necropolítica nos eventos futuros, especialmente no que diz respeito à questão palestina, mas também em conexão com outros territórios marcados por violências similares;
- Propõem a continuidade e o aprofundamento dos diálogos iniciados nesta Sessão Especial, com a criação de espaços permanentes de reflexão sobre conflitos urbanos e resistência nos eventos da ANPUR;
- Recomendam à diretoria que esta moção seja publicizada amplamente e encaminhada a entidades parceiras, nacionais e internacionais, como gesto de solidariedade e posicionamento político.
Curitiba, 23 de maio de 2025.
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (ANPUR)
