Completaram-se 40 dias do novo governo. Apesar de ser pouco o tempo, "essa força onírica em que se criam os mitos que o próprio tempo devora", como bem descreve Emílio Moura, a expectativa de reconstrução e reparação dos danos causados ao ensino e pesquisa nos últimos anos é grande e, portanto, é tempo de encararmos desafios à nossa frente.
Dentre os vários impostos, penso que cabe uma atenção especial ao reajuste das bolsas de pós-graduação. Inalteradas desde 2013, acumulam, segundo a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), 75% de perda do poder de compra. Nessa semana, tanto a Ministra Luciana Santos como o Ministro Camilo Santana deram declarações indicando que o anúncio do reajuste será feito ainda no mês de fevereiro. Sabemos que a valorização da atividade de pesquisa discente, que impacta a demanda por formação a nível de pós-graduação, vai muito além do valor das bolsas e envolve contabilização do tempo como atividade laboral, auxílios maternidade/paternidade, afastamento remunerado por doença, dentre vários outros elementos. Ainda que, conforme Guimarães Rosa, as coisas mudem no devagar depressa dos tempos, não devemos amainar-nos. Cabe, portanto, registrarmos a expectativa do início de um processo de "remendar-se" do Sistema Nacional de Pós-Graduação a partir desse anúncio.
Saudações Anpurianas,
Pedro Amaral - Diretor | Gestão 2021-2023 |