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ANPUR PARTICIPA DE REUNIÃO DO FCHSSALLA NA CAPES

18/10/2019

A ANPUR participou da reunião do Fórum de Ciências Humanas, Sociais, Sociais Aplicadas, Línguas, Letras e Artes (FCHSSALLA) com a CAPES, em Brasília, na sexta-feira, dia 11 de outubro de 2019. Representou a ANPUR, na ocasião, a professora CAROLINA PESCATORI (UNB), diretora da ANPUR. A representante da ANPUR no FCHSSALLA, professora Fernanda Sanchez (UFF), também diretora da ANPUR, acompanha toda a discussão.

Vejam também a notícia no site da CAPES, no link

Vejam o relato da professora CAROLINA, abaixo.

“A reunião iniciou no horário previsto, às 14h, com a presença dos representantes do fórum e, pela Capes, do presidente Anderson R. Correia, Sonia Báo (diretora de avaliação), Zena Maria Martins (diretora do programa de bolsas no país) e Mauro Rabelo (diretor de relações internacionais). O prof. Mário Cezar Silva Leite iniciou a reunião apresentando o fórum e colocando a primeira questão, indagando sobre qual é a política da Capes para a área, no sentido de compreender o que está sendo pensado para a área de ciências humanas. Apresentou um breve diagnóstico da produção das ciências sociais, destacando as contribuições em temas ampliados, com impacto em diversas outras áreas. Destacou que a produção científica em CS possui valoração econômica extremamente relevante. Também destacou a importância da descentralização territorial da pós-graduação ocorrida nos últimos anos e que se encontra em consolidação, necessitando de aporte de recursos para seu funcionamento pleno. Por último, levantou a preocupação do fórum com cortes de investimentos e bolsas.

O presidente da Capes respondeu longamente, afirmando que não existe política de diferenciação entre os colégios (ciências humanas, ciências exatas, ciências da vida), com exceção dos investimentos em áreas estratégicas e do PROAP, que tem foco em exatas (desde 1998). Reconhece a importância das ciências humanas e sociais aplicadas. Seguiu-se uma detalhada explicação sobre a estratégia orçamentária da Capes diante da diminuição do orçamento federal frente ao grande e constante crescimento do sistema de pós-graduação no país, considerando o compromisso da instituição em honrar os editais já em andamento e o pagamento das bolsas vigentes. Para a Capes, o crescimento da pós-graduação é tecnicamente inviável, com excesso de programas em relação ao orçamento, somando mais de 7000 cursos de PG. O Cenário implicou na decisão de que novos cursos não terão orçamento imediato e funcionarão sem recursos pelo 1o ano com avaliação posterior. Mesmo assim, a Capes recebeu 700 novos pedidos em avaliação esse ano. O orçamento da Capes era de 4 bilhões, mas certamente será reduzido para o ano que vem (muito improvável – entre 3.6 e 3.9).

A estratégia dos cortes foi realizada com os seguintes critérios: preservar completamente o Proap, Proex, o Capes periódicos e o Paep, concentrando os cortes em custeio. Depois, execução de cortes em novas bolsas desde abril em programas notas 3. Relatou-se a situação de mais de 5000 bolsas que não haviam sido renovadas em maio e que foram cortadas, mas que muitas dessas bolsas estavam eventualmente ociosas, inclusive com programas realizando mais editais para preencher vagas. Posteriormente, a Capes liberou bolsas de programas 4 com maiores notas de publicações. Os novos editais de educação básica serão realizados por meio de emendas parlamentares – 300 milhões de reais. O presidente reforça que essas decisões passaram pelo conselho superior. Também passou pelo conselho a decisão de implementar o qualis único, acabando com as avaliações de periódicos por área. A área de origem do periódico indicará o qualis do periódico, considerando que 20% das revistas podem subir 1 qualis e 10% podem subir 2 qualis (em elaboração).

Por fim, o presidente e os diretores, com destaque para Sonia Báo, reconhecem as especificidades das ciências humanas, que desenvolvem menos trabalhos com coautorias, produzem mais livros, têm produção menos numerosa. Também compreendem que o índice de impacto h deve ser compreendido dentro da área, sem comparações externas. Reafirmou-se que não há política para prejudicar as ciências humanas, porém, as áreas têm que dar resultado, com publicações internacionais, mantendo a razoabilidade no tempo de formação e a participação em congressos.

Seguiu-se questionamento da profa. Fernanda (SBPC) sobre o critério de distribuição de bolsas em dois grupos, G1 e G2, que implicaria em uma redução de 30% nas bolsas das ciências humanas. A diretora Zema afirmou que a divisão em grupos e o critério de distribuição de bolsas não foi aprovado pelo conselho superior e não será implantado. Os critérios serão: preferência p/ bolsas de doutorado; tamanho do programa; IDH; nota do programa.

O presidente se retirou da reunião para outro compromisso, e seguiu-se um longo e detalhado relato da profa. Sonia Báo sobre o Modelo de avaliação multidimensional, abordando os seguintes pontos:

  • Instituições foram instigadas a colaborar com a conformação de um novo modelo
  • 100% concordam com a avaliação
  • Qualis periódicos (referência) – resguardaria a possibilidade das áreas ainda avaliarem as revistas (especialmente nacionais); há uma grande convergência nas áreas de ciências da vida e exatas de eliminar o qualis e usar índices internacionais e índice h (google scholars).
  • Muita preocupação com a qualidade das revistas; necessidade de usar os mesmos índices para as revistas da área de humanas;
  • Teste do qualis referência acabou de ser realizado – só será viabilizado depois que entrar a produção de 2019 e 2020. Qualis referência ainda não foi publicado. Será rodado apenas em 2021 com dados das áreas-mãe das revistas, com reunião da área que definirá o qualis das revistas;
  • Classificação de livros: existe relatório que será usado para avaliação. Serão respeitadas as tradições das diferentes áreas. Necessidade de publicações em outras línguas. Temas podem ser específicos, mas há necessidade dos programas ampliarem o alcance – publicações exclusivas em revistas internas, editoras apenas daquela mesma universidade (pesquisas muito endógenas);
  • Ex.: Química na UnB – definiu uma estratégia onde 80% dos professores têm que publicar em revistas de impacto; 20% de trabalhos técnicos, publicações internas no país, permitindo que diferentes perfis sejam valorizados no programa.
  • Critérios de impacto e relevância, transferência do conhecimento deve ser mais valorizados.

5 DIMENSÕES PARA AVALIAÇÃO DOS CURSOS (a ser implantado em 2021):

  1. Formação
  2. Produção de conhecimento – pesquisa e publicações
  3. Internacionalização e Inserção local e regional – definir vocação para agir na sociedade local, respondendo ao perfil do programa, buscando equilíbrio entre eles;
  4. Impacto e relevância – para a sociedade nas diversas áreas (há um GT trabalhando)
  5. Inovação e transferência de conhecimento – há indicadores nacionais e internacionais”

Atenciosamente,

Márcio Moraes Valença